Lição 01 – O Livro de Jó (4º Trimestre 2020 – CPAD)
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Texto Áureo
“Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” (Tg 5.11)
Verdade Prática
O livro de Jó não é apenas uma preciosidade da literatura universal, mas, sobretudo, uma poderosa resposta de Deus para as grandes questões da vida.
OBJETIVO GERAL
Mostrar que o Livro de Jó é uma poesia inspirada que retrata o dilema vivido por uma pessoa histórica.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Mostrar que, a partir das evidências internas do livro, é possível conhecer o contexto no qual Jó viveu;
II. Especificar o gênero literário e de que forma esse conhecimento ajuda na compreensão do Livro de Jó;
III. Identificar o propósito e a mensagem do Livro de Jó.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – 2 Tm 3.16: Toda a Escritura é inspirada para a instrução
Terça -Tg 5.11: Quem persevera na fé é bem-aventurado em Deus
Quarta – Ez 14.14-20: Deus tem compromisso com os justos
Quinta – Jr 20.14-18: Deus não tem compromisso com os injustos
Sexta – Sl 8.4: Deus contempla o ser humano, embora este seja finito e frágil
Sábado – Is 59.4: A realidade da injustiça e da iniquidade na Terra
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Timóteo 3.16; Ezequiel 14.14,19,20; Tiago 5.11.
2 TIMÓTEO 3.16
16. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça,
EZEQUIEL 14.14,19,20;
14. Mesmo que estes três homens – Noé, Daniel e Jó – estivessem nela, por sua retidão eles só poderiam livrar a si mesmos. Palavra do Soberano, o Senhor.
19. “Ou, se eu enviar uma peste contra aquela terra e despejar sobre ela a minha ira derramando sangue, exterminando seus homens e seus animais,
20. juro pela minha vida, palavra do Soberano, o Senhor, mesmo que Noé, Daniel e Jó estivessem nela, eles não poderiam livrar seus filhos e suas filhas. Por sua justiça só poderiam livrar a si mesmos.
TIAGO 5.11.
11. Como vocês sabem, nós consideramos felizes aqueles que mostraram perseverança. Vocês ouviram falar sobre a perseverança de Jó e viram o fim que o Senhor lhe proporcionou. O Senhor é cheio de compaixão e misericórdia.
LIÇÃO 01: O LIVRO DE JÓ
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Há coisas que acontecem na vida do crente que, inevitavelmente, leva-o a fazer perguntas que traduzem a angústia da alma: Se Deus é justo e amoroso porque permite que um justo sofra tanto? Perguntas como esta podem ser consideradas o pano de fundo do livro que estudaremos neste trimestre: Jó.
Nosso objetivo é compreender o que o livro diz a respeito do assunto, as respostas humanas dadas ao sofrimento e, finalmente, a resposta de Deus a Jó e seus amigos. Para comentar o tema deste trimestre, contaremos com o pastor José Gonçalves. Ele é escritor, conferencista, membro da Comissão de Apologética da CGADB e líder da Assembleia de Deus em Água Branca – PI.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos o Livro de Jó, uma das obras mais fascinantes da Bíblia. Não há em toda Literatura bíblica outra obra semelhante. Diferente na sua estrutura, no estilo e, sobretudo, no conteúdo, o Livro de Jó demonstra a grandeza de Deus diante da finitude humana. É, portanto, uma obra que alimenta a nossa esperança quando tudo mais parece ter perdido o sentido.
PONTO CENTRAL
O Livro de Jó é uma poderosa resposta de Deus para grandes questões da vida.
1 Lição 4 tri 20 O Livro de Jó
I – AUTORIA, LOCAL E DATA DO LIVRO DE JÓ
1. O autor de Jó.
Quem escreveu o Livro de Jó é motivo de longos debates. As opiniões passam por Moisés, Eliú, Salomão, Ezequias, Isaías e, até mesmo, Esdras. Os que não acreditam no mover sobrenatural de Deus sobre os autores bíblicos fazem do livro uma colcha de retalhos.
Afirmam ser ele a produção de vários autores e em diferentes épocas. Entretanto, o cristianismo histórico e conservador não tem o livro de Jó como uma ficção religiosa, mas como uma narrativa poética inspirada por Deus e redigida por um único autor. A própria Bíblia não apresenta indicações do autor do livro, mas o fato é que o autor conhecia a forma poética e nela expressou a maior parte do livro.
2. A pessoa histórica de Jó.
A Bíblia mesma atesta que Jó foi uma pessoa histórica. O profeta Ezequiel confirma que ele, de fato, foi uma pessoa real, correlacionando-o ao lado de Noé e Daniel (Ez 14.14). Tiago, por exemplo, atesta a realidade histórica do principal personagem do Livro, bem como sua autenticidade textual, quando destaca a perseverança de Jó (Tg 5.11).
3. A terra de Jó.
Já no início do seu texto, o Livro de Jó destaca que ele era da “terra de Uz” (Jó 1.1). Como Jó, Uz era uma terra real. Os comentaristas situam Uz ao sul de Edom e a oeste do deserto da Arábia, se estendendo a Leste, indo até a Babilônia (Jr 4.21; 25.20).
4. A época de Jó.
A maioria dos comentaristas situa os fatos narrados no Livro de Jó dentro do período patriarcal (Abraão, Isaque e Jacó). Dentre outros, alguns fatos contribuem para esse entendimento: O sacerdócio como instituição ainda não existia, visto que Jó era o sacerdote de sua própria casa (Jó 1.5); as filhas de Jó eram coerdeiras juntamente com seus irmãos (Jó 42.15), o que não era permitido pela lei mosaica (Nm 27.8); a palavra hebraica qesitah, traduzida como “uma peça de dinheiro” (Jó 42.11), só aparece em outras duas ocasiões na Bíblia: uma em Gênesis 33.19 e a outra em Josué 24.32.
SÍNTESE DO TÓPICO I
A autoria do Livro de Jó é desconhecida, mas sua autenticidade é comprovada, bem como a realidade histórica da terra de Uz no período patriarcal.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Jó é um dos livros sapienciais e poéticos do AT; ‘sapiencial’, porque trata profundamente de relevantes assuntos universais da humanidade; ‘poético’, porque a quase totalidade do livro está elaborada em estilo poético. Sua poesia, todavia, tem por base um personagem histórico e real (ver Ez 14.14,20) e um evento histórico e real (ver Tg 5.11).
Os fatos do livro se desenrolam na ‘terra de Uz’ (1.1), que posteriormente veio a ser o território de Edom, localizado a sudeste do Mar Morto, ou norte da Arábia (cf. Lm 4.21). Assim sendo, o contexto histórico de Jó é mais árabe do que judaico.
[…] Se não foi o próprio Jó, o escritor deve ter obtido informações detalhadas, escritas ou orais, oriundas daqueles dias, as quais ele utilizou sob o impulso da inspiração divina para escrever o livro na feição em que o temos. Certas partes do livro vieram evidentemente da revelação direta de Deus (e.g. 1.1-2.10)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.767).
II – ESTRUTURA LITERÁRIA DO LIVRO DE JÓ
1. Prosa e poesia.
O leitor que deseja ler o Livro de Jó precisa dar-se conta de que diante dele há uma obra de natureza poética. Isso não torna o livro de Jó menos inspirado do que outros da Bíblia, mas revela que ele pertence a um diferente gênero literário. Jó precisa ser lido dessa forma. A estrutura dessa obra demonstra isso. O texto é uma combinação de prosa poesia-prosa (nessa ordem).
Ele está literariamente organizado assim: Uma prosa nos primeiros capítulos; uma longa poesia no meio; mais uma prosa no último capítulo. Assim, o prólogo (Jó 1.1-2.13) e o epílogo (Jó 42.7-17) estão em prosa; o texto intermediário em poesia (Jó 3.1-42.6).
2. Organização.
No texto em poesia há a seguinte organização: Um monólogo feito por Jó; três ciclos de diálogos entre Jó e seus amigos (Elifaz, Bildade e Zofá); quatro outros discursos de um quarto amigo jovem, Eliú; seguido pela revelação de Deus onde Ele manifesta o seu poder e graça; e, finalmente, a humilhação de Jó diante da revelação divina e sua restauração completa.
3. Abundância de figuras de linguagens. O livro é rico em metáforas.
Esse recurso estilístico é usado pelo autor bíblico quando ele quer dar mais expressividade e maior vivacidade ao texto. O autor almeja que seu texto seja “colorido” ao invés de “preto e branco”. Jó, por exemplo, usa a figura do “vai-e-vem” do Tecelão para demonstrar a brevidade da vida (Jó 7.6; cf. “vento” Jó 7.7; “nuvem” 7.9; “sombra 8.9,14.2; “uma corrida”, “uma águia”, “uma flor” 9.25,26, 14.2). No livro também há o recurso estilístico de paralelismos onde os elementos literários repetem-se na mesma ordem.
SÍNTESE DO TÓPICO II
O livro apresenta uma estrutura Literária de prosa-poesia-prosa. Há também uso de metáforas e paralelismos.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Neste tópico, após expor o assunto, apresente o esboço do Livro de Jó. É importante para o aluno ter contato com a visão estrutural de todo o livro.
Nesse sentido, sugerimos que reproduza o seguinte esquema:
LIVRO DE JÓ
I – Prólogo: A Crise 1.1-2.13
II – Diálogos entre Jó e Seus Amigos (Elifaz, Bildade e Zofar): A Busca de Resposta Humanista 3.1-31.40
III – Discursos de Eliú: O Começo do Entendimento 32.1-37.24
IV – O Senhor Responde a Jó Diretamente 38.1-42.6
V – Epílogo: Desfecho da Prova 42.7-17
III – NATUREZA E MENSAGEM DO LIVRO DE JÓ
1. Por que os justos sofrem?
Algumas das questões mais importantes levantadas no Livro de Jó são eminentemente de natureza teológica e, também, filosófica. A questão do sofrimento do inocente é a principal delas. Por que sofre o justo? Ou ainda, por que os ímpios prosperam enquanto o justo sofre?
Ao longo dos anos, tanto teólogos quanto filósofos têm procurado dar explicações para esse dilema humano. No contexto de Jó, a ideia que prevalece é a de que somente os maus sofrem em consequências de seus pecados. Se havia sofrimento era porque havia culpa do sofredor. Nesse aspecto, ao longo de seus 42 capítulos, o autor procura demonstrar um novo olhar sobre essa questão.
2. Existe bondade desinteressada?
Para muitas pessoas qualquer prática religiosa não passa de barganha. Essa era também a tese do Diabo. Para ele, Jó só permanecia fiel a Deus porque recebia benefício em troca: Jó era um homem agraciado com muitos bens; com uma família formidável; cercado de muitos amigos; e gozava de boa saúde.
Nessas condições, como disse Satanás, todos são devotos. Todavia, vindo o infortúnio, a tragédia e a calamidade, será que esse fervor religioso permaneceria? Satanás estava disposto a apostar que a espiritualidade de Jó não subsistiria a uma prova de fogo. 0 livro mostra como Jó se comportou nessa prova.
3. Pode o homem compreender Deus?
Os últimos capítulos de Jó mostram os impactos que a revelação divina tem sobre os homens. Como Paulo, que foi verdadeiramente mudado quando contemplou o Senhor numa visão (At 9.1-17), assim também Jó é totalmente transformado quando contempla a majestade do Senhor (Jó 38-42).
A questão para Jó não foi tanto o entender Deus, mas experimentá-Lo. Viver e experiência Deus mudou completamente a vida de Jó! Eis uma grande lição deixada por esse precioso livro.
SÍNTESE DO TÓPICO III
A principal questão do Livro de Jó é o sofrimento do inocente. O livro mostra como Jó se comporta diante da prova.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Sete características principais assinalam o livro de Jó.
(1) Jó, um habitante do norte da Arábia, foi um não israelita justo e temente a Deus […] (1.1).
(2) Este Livro é o mais profundo que existe sobre o mistério do sofrimento do justo.
(3) Revela uma dinâmica importante, presente em toda prova severa dos santos: enquanto Satanás procura destruir a fé dos santos, Deus está operando para depurá-la e aprofundá-la. A perseverança de Jó na sua fé permitiu que o propósito de Deus prevalecesse sobre a expectativa de Satanás (cf. Tg 5.11).
(4) O livro é de valor inestimável pela revelação bíblica que contém sobre assuntos-chaves tais como: Deus, a raça humana, a criação de Satanás, o pecado, o sofrimento, a justiça, o arrependimento e a fé.
(5) Boa parte do livro ocupa-se da avaliação teológica errônea no Livro talvez indique tratar-se de um erro comum entre o povo de Deus; erro este que exige correção.
(6) O papel de Satanás como “adversário” dos justos, o livro de Jó o demonstra mais do que em qualquer outro livro do AT. Entre as dezenove referências nominais a Satanás no AT, quatorze ocorrem em Jó.
(7) Jó demonstra com toda clareza o princípio bíblico de que os crentes são transformados pela revelação, e não pela informação (42.5,6)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.768).
CONCLUSÃO
Nesta lição apresentamos algumas informações básicas sobre o contexto histórico e literário de Jó. Quanto ao seu gênero o livro é de natureza poética. Isso é importante para a compreensão da própria estrutura como o livro foi organizado.
Vimos que o livro apresenta princípios teológicos que transcendem o espaço e o tempo. Esses princípios são para todas as épocas e culturas. O que é demonstrado é que o conhecimento de Deus é o anseio de todo ser humano.
Pb. Moisés Santos
Assemblei de Deus Missão
Aracaju-Se